O tempo que uma recordação perdura é muito variável, isto é, não retemos todas as informações que recebemos durante o mesmo tempo. Portanto, esta característica sugere uma classificação da memória quanto à duração. Perante isto temos dois tipos de memória, memória a curto prazo e memória a longo prazo.
Memória a curto prazo: é uma memória que retém a informação durante um período limitado de tempo, podendo ser esquecida ou passar para a memória a longo prazo (que explicaremos mais à frente). Neste tipo de memória, distinguem-se duas componentes: a memória imediata e a memória de trabalho. Passando a explicar cada uma das componentes, a primeira diz respeito ao material recebido que fica retido durante uma fracção de tempo – cerca de 30 segundos. Por outro lado, a memória de trabalho mantém a informação enquanto ela nos é útil, por exemplo, um número de telefone que não tivemos oportunidade de registar por escrito. Sendo assim “A memória de trabalho reporta-se às actividades mentais que não têm por objectivo a memorização de informações, mas que, apesar disso, implicam uma certa memorização para se poderem aplicar de modo eficaz.”
Memória a longo prazo: é um tipo de memória que é alimentada pelos materiais da memória a curto prazo que são codificados em símbolos, esta mantém os materiais durante horas, meses ou toda a vida. Distinguem-se, geralmente, dois tipos de memória a longo prazo que dependem de estruturas cerebrais diferentes: memória declarativa e memória não declarativa. Enquanto que a última, é uma memória automática que mantém as informações subjacentes à questão “Como?”, por exemplo: como andar de bicicleta, como lavar os dentes, como pentear o cabelo, etc.Quando desenvolvemos estes comportamentos, não temos consciência de que são capacidades que dependem da memória. A memória declarativa, por seu lado, implica a consciência do passado, do tempo, reportando-se a acontecimentos, factos, pessoas. Distinguem-se, neste tipo de memória, geralmente, dois subsistemas: a memória episódica que envolve recordações, como os rostos de familiares, amigos e ídolos, músicas preferida, etc. Portanto, esta memória é pessoal que manifesta uma relação íntima entre quem recorda e o que se recorda. A outra é a memória semântica que se refere ao conhecimento geral sobre o mundo (leis da química, factos históricos, etc.), neste tipo de memória, não há localização no tempo, não estando ligado a nenhum conhecimento ou acção específicos, nem referenciado a nenhum facto específico do passado.
Ligação da memória a outros processos cognitivos:
A aprendizagem está intimamente ligada à memória, pois aquilo que aprendemos tem de ser conservado. “Não podemos aprender sem recordar, nem recordar sem aprender.” Os conhecimentos e as vivências anteriores, que eu recordo, permitem-me seleccionar, organizar e reconhecer as informações do presente.
A aprendizagem define-se como uma mudança relativamente estável e duradoura do comportamento e do conhecimento, que está relacionada com a experiência, com a descoberta... É através das experiências que aprendemos novas atitudes, novas competências, novos medos, novos conceitos, novas formas de resolver os problemas. Pela aprendizagem adquirimos saberes e desenvolvemos capacidades, ocorrendo uma mudança pessoal.
O processo de aprendizagem pressupõe comportamentos perceptivos, motores, intelectuais, emocionais e sociais. Inerente a este processo está a memória, pois só ela nos permite reter o que aprendemos para resolver situações presentes e projectar o futuro.
O termo memória provém do grego, de mnémon, que significa ‘que se recorda’. Aristóteles refere-se à memória como a faculdade de conservar o passado. A este propósito, George Gusdorf afirma que “a memória constitui uma espécie de retrato do que somos, composto com os traços do que fomos”. De facto, é a memória que nos dá o sentimento de identidade pessoal: as experiências vividas e acumuladas constituem o nosso património pessoal que nos distingue de todos os outros e nos torna únicos.
segunda-feira, 29 de março de 2010
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